Nosso contato com a questão dos rios na cidade de São Paulo iniciou-se em nossa graduação, realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Nas aulas o tema era abordado com frequencia como proposta de repensar o ambiente urbano. Posteriormente, o trabalho em uma exposição do coletivo Rios e Ruas no Sesc Carmo possibilitou novamente nosso contato com a temática. A pesquisa aborda questões ambientais e propõe um resgate histórico da presença, influência e importância dos rios para a formação de São Paulo. Buscamos entender as escolhas urbanísticas feitas em relação aos rios e quais foram suas consequências para a situação atual da cidade.
Nas atividades realizadas com o Sesc Santana, tratamos especificamente sobre o Tietê, com o qual a maioria dos paulistanos relaciona-se em algum nível. Foi utilizada a variável da “memória afetiva” para introduzir questões relativas às experiências dos participantes com o rio. Diversas atividades de sociablidade que a ele já estiveram atreladas (cultura, esporte, lazer, etc.) também foram abordadas na perspectiva da história social.
A presença física e visual do Tietê no nosso cotidiano permite uma abordagem mais direta, diferente daquela utilizada na temática dos afluentes e córregos ocultos, das quais temos como evidências visuais somente a topografia e pistas na cidade construída. Como a variável da memória afetiva não afeta a todos nesse caso, realizamos dinâmicas com tecidos e materiais que pudessem despertar uma experiência tátil. Além dos rios invisíveis, conversar sobre o Tietê nos permite construir um discurso menos pessimista em relação à questão ambiental, tendo em vista que, apesar de extremamente poluído na cidade de São Paulo, é possível visitar trechos posteriores em que ele se encontra bastante recuperado em comparação ao trecho paulistano.
por Karoline Andrade e Marília de Castro
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